Alegria do Natal e Reino de
Deus, oposto à hipocrisia do ódio e do terror.
Caríssimos Diocesanos. A graça
e a Paz de Cristo reine, em Vossos corações!
O tempo do Advento, que abre o
Ano Litúrgico de celebração do Mistério de Cristo, e prepara a festa do
nascimento de Deus Menino, Vos ajude a viver e apreciar o Natal, desfigurado pelo
paganismo, sem misericórdia e piedade, que fez da festa uma paródia cínica do
evento e identidade de Jesus.
A Europa e o Mundo, sob a capa
do bem-estar e prazer desenfreado, vivem uma crise de valores, a gerar ódio,
guerra, terrorismo, hipocrisia e a suspeita e preconceito, contra tudo e contra
todos, impedindo a terapia da paz, da alegria e da esperança e a fé num futuro
digno da pessoa humana.
1.- A Boa Nova do Natal é a grata
e alegre notícia da Vinda do Filho de Deus, na carne, que nasceu da Virgem
Santíssima, pelo poder do Espírito Santo, passou fazendo o bem, morreu e
ressuscitou e há-de vir glorioso, como juiz. Mas, o que veio e virá glorioso, o
que ressuscitou e foi entronizado, junto de Deus Pai, não se cansa de bater à
porta do nosso coração, para entrar, nos moldar e fazer de nós o Seu Reino
interior e santo, de verdade, justiça, amor e paz. É o encanto do Reino
misterioso, que cresce invisível nos corações, como a semente no seio da terra.
É o maravilho Reino de santidade de vida, de justiça, amor e paz, que Jesus
inaugurou e ensinou a pedir: “venha a nós o Vosso Reino”. É um Reino
diferente daqueles, que a cobiça do poder constrói. Nada tem a ver com ódio,
violência e hipocrisia de quem apetece grandeza e utiliza meios injustos e
atropelos, para a obter, com a tirania sobre os outros e práticas injustas,
abomináveis e incompatíveis, com a vontade de Deus, sumo bem e suma verdade e
beleza.
2.- Os acontecimentos recentes e
o folhetim de guerras e violências, no mundo actual, denunciam, a “glória de
mandar e a vã cobiça”, de que falou o nosso épico, Camões. Os perigos e
ameaças do ódio, da cobiça, da guerra e da violência nunca deixam de nos
molestar, porque, o mal espreita-nos, está à porta, como junto de Cain, que
matou o irmão. O mundo actual está na encruzilhada de fazer ou não a opção
pelos valores da dignidade da pessoa humana. Somos convidados a optar pelo bem,
pela verdade, pela justiça, pela solidariedade, pela liberdade, pela paz e pela
inauguração e aumento do Reino de Deus, fugindo à sedução do mal, à
auto-referência e à tal “glória de mandar e vã cobiça”, que potencia a
violência, o ódio, a auto-aniquilação, até ao contra-senso de oprimir,
violentar e matar, em nome de Deus, sabendo muito bem que Ele é o amor e a
misericórdia e é, por natureza, incompatível com o mal, a violência e a
injustiça. A Encarnação e a Revelação do Filho de Deus o demonstram, com
clareza. Deus mostrou a Sua omnipotência, despojando-se da Sua glória, sendo
obediente até à morte, descendo, vivendo e morrendo, por nós. Deus mostra Sua
Omnipotência, perdoando e sendo misericordioso. O Ano da Misericórdia, que
inicia a 8 de Dezembro, nos conduza a Cristo que é a Porta, que nos introduz no
conhecimento do mistério de Deus e que Ele nos dê a conhecer e a abraçar a vocação
humana a que somos chamados, como construtores do Reino de Deus, na comunhão,
respeito, amor e solidariedade. Somos pessoas com outras no mundo. Não há outra
via se não a da solidariedade e respeito da liberdade e dignidade humana, “no
diálogo, onde não há vencedores, nem vencidos, mas só exclusivamente
enriquecidos”.
3.- O afluxo de tantas pessoas,
que batem às portas da Europa, deve-nos fazer reflectir e levar a abrir o
coração, a cultivar a misericórdia, o acolhimento e a compaixão e a ter
atitudes de respeito, imitando a Deus misericordioso, que amou de tal modo o
mundo, que lhe deu o Filho, que nos amou e ensinou a amar, proclamando
bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia, se e na
medida em que eles forem “misericordiosos como o Pai celeste é
misericordioso”.
Evitemos preconceitos, crispações
políticas e ideológicas, exclusões gratuitas e guerras e discórdias, baseadas
na ignorância, na irresponsabilidade e na “glória de mandar e vã cobiça”,
inconciliáveis, com Deus e com o crescimento e encanto do Reino. Cresçamos em
compaixão e compreensão, apreciando rectamente as diferenças de cultura, raça e
proveniência, vendo em cada ser humano o rosto de Deus.
Que Deus Menino Vos ensine, Vos
proteja e ajude a colocar a vida ao serviço, a serdes misericordiosos, com
todos, a ter um coração magnânimo, aberto, sem acepções de pessoas e sem
constrangimentos, de forma a poderdes irradiar a paz e a alegria e a fazer
deste mundo a comunhão dos homens entre si, na comunhão e implementação do
Reino de Deus, como Ele o quer e deseja.
Com os melhores votos de santo e
feliz Natal, na paz e harmonia, Vos saúda, com afecto, o Bispo que implora as
Vossas orações e por Vós reza a Deus Menino, feito homem, que nasceu de Maria,
passou fazendo o bem e morreu e ressuscitou por nós.
Vila Real, 23 de Novembro de
2015.
+ Amândio José Tomás, bispo de
Vila Real
Aos nossos Irmãos Escutas de todo o mundo, aos nossos
Familiares e Amigos desejamos:
UM SANTO E FELIZ NATAL
UM ANO NOVO CARREGADO DE ALEGRIA
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