A novidade da Páscoa de Jesus
reside na conversão, na renúncia ao pecado…
O amor a Deus não dispensa o
amor ao próximo…
Este ano, a Renúncia será para
os Pobres de cada uma das Conferências de S. Vicente de Paulo, destinando uma
fatia igual do dinheiro recolhido, para as Crianças da Igreja da Guiné-Bissau,
socorridas pela Fundação Fé e Cooperação…
Queridos
Diocesanos e Irmãos, em Cristo. A Festa da Ressurreição é a Festa das Festas e
é precedida da Quaresma, que precede a Páscoa e pede para nos deixar plasmar,
por Jesus, morto e ressuscitado, que nos ensina a operar o bem comum e a ter as
atitudes e sentimentos do Filho de Deus, que se fez um de nós, pois, “há
mais alegria em dar que em receber” (Act 20,35), o qual passou a vida a
fazer o bem, a consolar, a curar e a pregar o Evangelho aos Pobres, pedindo
para O imitarmos e anunciarmos, sem separar o amor a Deus do amor ao próximo.
De facto, os acontecimentos dramáticos do ano, lesivos da vida e dignidade
humana, estão nos antípodas da atitude de Cristo, morto e ressuscitado. Há que
ouvir o apelo do Papa em prol da reconciliação, não escravos mas irmãos! Há que pedir às
pessoas de todos os credos e convicções para dialogarem e para, juntas, no
amor, construírem o mundo novo, onde as pessoas gozem de direitos e deveres e
as minorias sejam aceites e respeitadas.
A fé em Cristo brilha, na vida
renovada do crente e mostra que a encarnação do Filho de Deus, que, por nós, se
entregou à morte, não foi em vão, pois, glorificou a Sua própria humanidade
assumida, no seio da Virgem, para mudar e glorificar também as vidas dos que
crêem e a Ele se conformam. A novidade da Páscoa de Jesus reside na conversão,
na renúncia ao pecado, à injustiça, à idolatria do auto-endeusamento, do
dinheiro, do narcisismo e do desprezo dos outros, reduzidos a escravos
descartáveis. Há que declarar a morte ao ódio, ao desprezo, à retaliação e à
guerra. Não é lícito ferir, matar, ofender e fazer o mal, em nome de Deus,
supremo bem, verdade e beleza. Antes, deve vingar, entre nós, a regra de ouro
da justiça, que diz: “não
faças ao outro o que não queres que o outro te faça a ti”. Se Deus
se fez homem e nos deu a maior prova de amor, que direito me assiste a fazer o
mal, a odiar e ofender outros? O amor a Deus não dispensa o amor ao próximo,
pois, “o que não ama o
seu irmão a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê” (1 Jo 4,
20). O amor a Deus, amor supremo e fonte de vida e verdade, para ser autêntico,
obriga ao amor ao próximo, à busca da verdade e ao empenho, pela vida e pela
dignidade de todos e cada um dos seres humanos, sobretudo dos mais necessitados.
Crescendo o poder e a técnica,
cresce a soberba humana e diminui a solidariedade e o amor, imperando o
egoísmo, a injustiça e a violência, no mundo. O feitiço do progresso volta-se
contra o feiticeiro. Há que exortar à união, compaixão e solidariedade e imitar
Cristo, fazer o bem, socorrer o próximo, amar, com solicitude, minorar o mal,
cientes de que a partilha é o objectivo do itinerário cristão, sendo julgados
pelo amor e bem feito aos pobres, que são os preferidos de Deus, que neles quer
ser reconhecido e amado. Não há verdadeira fé cristã sem caridade e sem
esperança em Deus, o Sumo Bem, Suma Verdade e Suma Beleza, que é a causa da
nossa alegria e consolação.
A Colecta é tão antiga como a
Igreja, sinal de partilha, elemento essencial da vida e da comunhão. No
Concílio de Jerusalém, no ano 49, foi estabelecido o donativo fraterno para os
pobres, a que S. Paulo foi fiel. Os Peditórios e o Contributo Penitencial, sob
a tutela do Bispo, têm fins próprios, regulamentados e são sinal da
co-responsabilidade eclesial, em prol do bem comum. Eles fazem parte da vida
ordinária do cristão.
Além dos Peditórios,
estabelecidos pela Igreja, como o de Sexta Feira Santa, para a Terra Santa, e
do Contributo Penitencial Quaresmal da Abstinência da Cruzada, que é dado ao
Bispo, os fiéis devem ainda praticar a Renúncia Voluntária e dar o donativo, que entenderem, para
o fim indicado pelo seu Bispo. Para responder às necessidades, há que cultivar
a compaixão e ajudar os indigentes, os filhos predilectos de Deus.
Este ano, a Renúncia será para
os Pobres de cada uma das Conferências de S. Vicente de Paulo, destinando uma fatia igual do dinheiro recolhido,
para as Crianças da Igreja da Guiné-Bissau, socorridas pela Fundação Fé e
Cooperação, que, em 2015, celebra os Vinte e Cinco Anos de Cooperação, com as
Comunidades de língua portuguesa, por mandato dos Bispos Portugueses.
É uma forma de nos mostrarmos solidários com os pobres que estão perto e com os
que estão longe, pois todos são filhos de Deus.
Que Deus nos ajude a dar com
generosidade, dando do pouco que nos sobra, para ultrapassar a crise, cientes
de que o bem não se faz sem benfeitores, sem obras, sem misericórdia e abertura
de coração. São precisas pessoas, que ajudem os necessitados. A abundância de
pobres pede mais voluntários, generosos, para os socorrer.
Saudações do bispo e irmão, que
pede a esmola da oração e a ajuda aos necessitados e Vos agradece, unido, na
fé, esperança e oração, pedindo a Deus que Vos abençoe e Vos recompense, pelo
bem e ajuda aos pobres, que são os predilectos de Deus.
Vila Real, 24 de Janeiro de 2015
+ Amândio José Tomás, bispo de
Vila Real.